O LTCM começou a operar em 1994. Seus principais sócios eram dois renomados traders de Wall Street e dois vencedores do Prêmio Nobel de Economia. Eles acabavam de captar US$1,25 bilhão junto a investidores. A filosofia do fundo consistia em ganhar pequeníssimos spreads em grande número de operações muito alavancadas. Nas palavras de um dos sócios, o vencedor do Nobel Myron Scholes:
“A ideia é recolher do chão os centavos que os outros investidores não enxergam (‘vacuum nickels that others couldn’t see’)”.
O fundo rendeu mais de 40% ao ano entre 1994 e 1998. No final de 1996, o total de ativos superava US$ 140 bilhões. Ninguém imaginaria que o fim estava próximo. A boa fase no entanto, durou até agosto de 1998. Neste mês, um evento inesperado acabou abalando os mercados globais de crédito: o calote do governo na Rússia.
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O Colapso:
Os títulos públicos russos derreteram com a notícia da moratória da dívida e acabaram contagiando os spreads de títulos de diversos mercados emergentes, como Brasil, Argentina, México, entre outros. Os maiores investimentos do fundo eram em títulos de mercados emergentes. E não era pouca coisa. Tratavam-se de posições gigantescas, a ponto de não ter liquidez suficiente para o fundo se desfazer a tempo.
A quebra do LTCM:
O caos que por um momento afetou apenas o mercado de renda fixa, logo se espalhou para os mercados de ações e de câmbio ao redor do mundo, causando um forte movimento de aversão ao risco. O patrimônio do fundo, de US$ 3,6 bilhões, evaporou em apenas 5 semanas, causando ainda mais pânico nos mercados globais. O LTCM chegou a perder US$ 553 milhões no dia 21 de agosto de 1998 (15% do capital).
O Resgate: Too Big To Fail:
O FED (Banco Central Americano) foi obrigado a uma operação de socorro, sob pena de a quebra do fundo provocar gravíssima crise sistêmica. No total, 14 bancos formaram um consórcio para injetar US$ 3,65 bilhões no LTCM e salvar o hedge fund de ir à falência.
Se os gênios falham, imaginem os simples mortais:
Desde que o mundo é mundo, em algum lugar alguém está tentando desenvolver uma fórmula ou modelo matemático que mostre “o caminho, a verdade e a vida” e preveja no último passo o valor que tal ativo vai negociar. Há de se ter muito cuidado em acreditar que um modelo ou fórmula matemática vai lhe mostrar a trajetória de preços do mercado. Mas o homem é um bicho curioso.
“LTCM afirma que a carteira é gerenciada de modo que seu o risco alvo não é maior que o risco de uma posição no S&P500”.
Evidentemente os gestores do LTCM se referiam a volatilidade esperada das quotas, e não ao risco real do fundo. Embora a volatilidade-alvo do LTCM fosse equivalente à de uma posição não alavancada em ações do S&P500, o efeito-alavancagem tornava o risco real do LTCM infinitamente superior ao das ações do S&P500. A ruptura de 1998 se encarregou de prová-lo.