Para quem não sabe, a taxa do T10, tesouro americano com vencimento em 10 anos, é considerada pelo mercado a mãe de todas as taxas. Serve como componente de cálculo para precificar qualquer tipo de ativo no mundo, uma ação de uma empresa Brasileira, uma dívida de uma empresa Inglesa ou um apartamento na Indonésia, por exemplo. É considerada a melhor proxy da famosa taxa livre de risco.
Começo explicando-a, pois ela ganhou notoriedade recente após alcançar patamares há muitos anos não vistos. O T10 superou os 5% ao ano, algo que não acontecia desde o período pré crise financeira global em 2007. O aumento dessa taxa implica em um custo de capital mais alto e afeta negativamente o preço dos ativos da economia real como um todo. A dinâmica é a seguinte, quando a rentabilidade do T10 sobe, bolsas, a nível global tendem a cair.
Além desse tão importante título que vence em 10 anos, temos a famosa FED Funds Rate, que nada mais é do que a taxa básica de juros nos EUA, assim como nossa taxa Selic, aquela que representa os juros de curtíssimo prazo. Afim de combater dificuldades financeiras e suavizar os problemas do ciclo econômico o chairman do FED, Jerome Powell, vem sendo figura carimbada nas mídias internacionais por ter aumentado recorrentemente essa taxa, hoje entre 5,25% e 5,5%. Essa alta se deve, principalmente, a salário e emprego que continuam fortes nos EUA impulsionando a não desejada inflação. A questão fiscal traz muitas incertezas também mas, predominantemente, a preocupação com a questão monetária tomou conta. Por mais paradoxal que pareça, existe uma preocupação com esse cenário e o objetivo é desacelerar sem gerar recessão.
Ainda se tratando de EUA, alguns indicadores recentes nos trazem um certo otimismo quanto a uma reposta por parte do mercado em relação as medidas adotadas pelo banco central americano. Já observamos uma inflação mais acomodada e dados de emprego mais fracos. No entanto vale frisar que pelo fiscal frouxo e o monetário apertado, devemos ter um período mais longo de juros altos e dólar forte.
Em paralelo, o Brasil se encontra em um momento diferente. Estamos cortando juros e nossa inflação parece estar convergindo à patamares mais razoáveis. Vale frisar que aparentemente estamos em uma excelente “pernada” de ciclo econômico porém em compasso de espera em relação ao que acontecerá na terra do Tio Sam.