No mercado financeiro e na economia de uma forma geral é possível detectarmos a forma cíclica do comportamento dos eventos.
A teoria dos ciclos econômicos tem sido objeto de pesquisa e debate ao longo do tempo e envolveu muitos economistas proeminentes ao longo dos anos. Um deles é Ray Dalio, que ao explicar como funciona a máquina econômica através do “Modelo de Ciclo de Crédito”, ajudou a prever a crise de 2008, por exemplo.
O aumento da renda das pessoas permite aumento do empréstimo, que permite o aumento de gastos ou investimentos. E como este gasto ou investimento é a renda de outra pessoa, isso leva a mais empréstimos e assim por diante, permitindo o crescimento econômico.
A única maneira de aumentar minha renda é aumentando minha produtividade. Mas, através do empréstimo, somos capazes de consumir mais do que produzimos. Por outro lado, numa distancia de tempo à frente, seremos forçados a consumir menos do que produzimos, para pagá-lo.
Constitui-se assim, um pêndulo, um ciclo de alavancagem e desalavancagem que se movimenta de acordo com a quantidade de crédito disponível no mercado.
Esse ciclo não é governado por leis ou regulamentos, mas pela natureza humana. Cada vez que tomamos crédito, iniciamos um ciclo que, de certa forma, nos permite prever uma “série mecânica e previsível de eventos que acontecerão no futuro”.
Howard Marks, outro pensador notável, também aborda essa perspectiva cíclica no mercado, com seu slogan “Você não pode prever. Você pode se preparar”. A verdade é que somos seres humanos, emotivos e inconsistentes por natureza. Poucas coisas na vida se movem em linha reta; em vez disso, observamos expansão e retração, altos e baixos.
O comportamento cíclico do mundo é uma consequência direta da intervenção humana. Ignorar esses ciclos e extrapolar tendências é um erro comum, particularmente no mundo dos investimentos. Como um pêndulo, as oscilações emocionais dos investidores acumulam energia, levando eventualmente a mudanças de direção. Às vezes, a própria energia acumulada é o gatilho para essa mudança.
É notável que o retorno à normalidade seja frequentemente mais rápido do que as oscilações que levam o pêndulo até a extremidade. Aqueles que acreditam que o pêndulo permanecerá eternamente em uma direção ou em uma extremidade estão destinados a enfrentar perdas significativas.
Esse mesmo padrão cíclico e de pêndulo é observado na natureza, e a análise técnica/gráfica de ações muitas vezes se baseia em indicadores como Fibonacci, que refletem essa dinâmica. Da mesma forma, podemos identificar esses ciclos na natureza, onde os sistemas ecológicos passam por fases de crescimento e declínio, adaptando-se às mudanças ambientais. O próprio Fibonacci é encontrado no arranjo das folhas do ramo de uma planta, nas copas das árvores ou até mesmo no número de pétalas das flores. Ciclos lunares, climáticos, de relacionamentos, financeiros, de aprendizado, de trabalho e de descanso, etc.
“Para tudo há uma ocasião, e um tempo para cada propósito debaixo do céu:
tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou,
tempo de matar e tempo de curar, tempo de derrubar e tempo de construir,
tempo de chorar e tempo de rir, tempo de prantear e tempo de dançar, etc”.
– ECLESIASTES –
“Tudo tem fluxo e refluxo; tudo, em suas marés; tudo sobe e desce; tudo se manifesta por oscilações compensadas; a medida do movimento à direita é a medida do movimento à esquerda; o ritmo é a compensação.”
– O CAIBALION –
Esses paralelos entre os ciclos financeiros, comportamentais e naturais nos lembram da importância de compreender as flutuações inerentes à vida. Em vez de resistir a esses ciclos, podemos nos preparar para eles, aproveitando as oportunidades que surgem quando o pêndulo muda de direção e aplicando essa compreensão aos nossos investimentos e à nossa vida em geral. Como seres humanos, somos parte integrante desses ciclos, e nossa capacidade de adaptação é fundamental para o nosso sucesso a longo prazo.